Rotura prematura de membranas ovulares

Definimos como rotura prematura de membranas ovulares (RPMO) a ocorrência do rompimento das membranas que envolvem o bebê e consequente extravasamento do líquido amniótico antes do início do trabalho de parto.

É um evento que requer atenção e cuidados médicos intensivos e imediatos, já que pode colocar em risco a mãe e o bebê.

O que são as membranas ovulares?

As membranas ovulares são aquelas que envolvem o feto, denominadas de âmnio e cório. 

O âmnio é a camada mais fina e interna, originada da cavidade amniótica e composta por células epiteliais. Ele é composto pelo líquido amniótico, que, por sua vez, é responsável por proteger o feto de impactos externos, fornecer um ambiente estável e suporte mecânico, auxilia no desenvolvimento dos órgãos e permite a liberdade de movimento do feto.

Já o cório é a camada mais espessa e externa, oriundo da decídua materna (camada funcional do endométrio). É formado por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos que permitem a troca de nutrientes, oxigênio e resíduos metabólicos materno-fetais. 

O que é a RPMO e suas causas?

Também conhecida como amniorrexe prematura, ruptura de membrana e rotura da bolsa, a rotura prematura de membranas ovulares é o rompimento das membranas que envolvem o bebê e a liberação do líquido amniótico.

Ela pode ser classificada de três formas:

  • Pré-viável: quando ocorre antes de 26 semanas de gestação;
  • Pré-termo distante do termo: quando ocorre entre 26 e 32 semanas;
  • Pré-termo próxima ao termo: quando ocorre entre 32 e 36 semanas.

A RPMO expõe o feto e a mãe a um maior risco de infecção: sem a proteção fornecida pelo líquido amniótico, as bactérias podem entrar no útero, aumentando a chance de infecção intra-amniótica. Essa infecção pode se espalhar para o feto e toda a cavidade uterina, causando complicações sérias.

Essa ocorrência é uma resposta à aceleração do processo de enfraquecimento das membranas, que ocorre através do aumento da ação das citocinas locais, do desbalanceamento entre a metaloproteinase de matriz e seu inibidor (TIMP – tissue inhibitors of matrix metalloproteinase) e do aumento da ação das colagenases e proteinases, associada ou não ao estímulo exercido pela contração uterina.

São fatores de risco para o desenvolvimento da RPMO: infecções urogenitais e vaginais, polidramnia (aumento do líquido amniótico), corioamnionite, sangramento de segundo e terceiro trimestre, conização cervical e cerclagem cervical.

Sintomas e diagnóstico

A rotura prematura não apresenta sintomas a não ser o extravasamento do líquido amniótico por via vaginal. Caso a paciente apresente febre, corrimento intenso e de odor forte, dor abdominal, e se o feto apresenta taquicardia, particularmente desproporcional à temperatura materna, pode haver indícios de infecção intra-amniótica.

O diagnóstico se dá através do teste com papel de nitrazina, que se trata de um papel amarelado que se torna azul caso o teste dê positivo (ou seja, confirme a rotura prematura);  e também por meio de ultrassonografia e amniocentese.

Complicações associadas 

As principais complicações para bebês expostos à RPMO estão relacionadas à prematuridade, destacando-se a infecção, hipoplasia pulmonar, hemorragia intraventricular e lesões neurológicas, que se tornam menos frequentes com maior idade gestacional.

Já para a mãe, a principal complicação está relacionada à corioamnionite, que nada mais é que a infecção intrauterina. Nesses casos, o parto pode ser induzido a fim de preservar a saúde da gestante.

Condução e manejo

Assim que identificada a RPMO, o ideal é a internação para melhor avaliação das condições da mãe e do bebê. A avaliação envolve a solicitação de exames laboratoriais complementares e monitoramento materno-fetal.

Em casos de RPMO pré-viável e pré-termo distante do termo, é indicada a conduta expectante aliada à antibioticoprofilaxia, corticoterapia para a maturação pulmonar do feto e repouso no leito, visando aumentar o período de latência.

Já em casos de pré-termo próximo ao termo, também é indicada a antibioticoprofilaxia, e o parto pode ser induzido, não sendo uma indicação absoluta de cesariana.

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