Prê-eclâmpsia e o risco gestacional

As síndromes hipertensivas são uma das complicações mais frequentes na gestação, sendo uma das principais responsáveis pelas altas taxas de mortalidade materno-fetal, prematuridade e restrição de crescimento fetal.

A pré-eclâmpsia é uma dessas complicações, caracterizada pelo aumento da pressão arterial após a 20ª semana gestacional. No Brasil, estima-se que acometa 1,5% das gestações.

O que é a pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia é uma condição em que ocorre o aumento da pressão arterial da mulher a partir da 20ª semana de gravidez, associado à elevação da proteinúria (presença de proteína na urina) e outras alterações no exame de sangue.

As causas ainda não estão totalmente estabelecidas, mas sabe-se que histórico de hipertensão arterial prévia à gravidez, histórico familiar, primiparidade (primeira gestação), diabetes, obesidade, idade materna avançada e gestação múltipla estão associados ao aumento do risco de desenvolvimento da doença.


Durante a gestação pode acarretar no comprometimento fetal através da alteração do fluxo de sangue para a placenta com consequente redução do ganho de peso fetal o que definimos como crescimento intra-uterino restrito. Além disso, para a gestante a pré-eclâmpsia pode se manifestar de forma mais grave com comprometimento de orgãos como fígado, rim e cérebro. Nessas situações temos a instalação da eclâmpsia (convulsões) e síndrome HELLP (hemólise, enzimas hepáticas elevadas e contagem de plaquetas baixas), que podem ser fatais tanto para a mãe quanto para o bebê.

Sintomas e diagnóstico

A pré-eclâmpsia pode surgir gradativamente ou de forma abrupta. Pode variar de casos moderados a severos, apresentando sintomas como:

  • Pressão acima de 140×90 mmHg, aferida em duas ocasiões distintas e com intervalo mínimo de 6 horas;
  • Dores de cabeça severas;
  • Alterações visuais, como visão embaçada e sensibilidade à luz;
  • Dores no abdômen;
  • Náuseas e vômitos;
  • Mal estar geral;
  • Inchaço nas mãos, braços, pernas, pés e pescoço;
  • Aumento repentino no peso corpóreo.

O diagnóstico se dá por meio da aferição da pressão arterial em consultório, exames de sangue e urina, incluindo a análise de proteína na urina, que pode indicar a elevação de proteínas na urina e diminuição do volume urinário.

Tratamento

Quando uma mulher é diagnosticada com pré-eclâmpsia, sua gestação passa a ser considerada de alto risco, exigindo um monitoramento pré-natal mais ativo.

O manejo da pré-eclâmpsia geralmente envolve a prescrição de medicamentos anti-hipertensivos. Nos casos graves, a interrupção da gestação está indicada para controle da doença e melhor desfecho materno e fetal.

É importante que a gestante monitore regularmente sua pressão arterial em casa, anotando os valores e levando essas informações para as consultas de pré-natal. Além disso, é recomendado adotar hábitos de vida saudáveis.

Situações estressantes devem ser evitadas, e a prática de exercícios físicos deve ser recomendada pelo obstetra, levando em consideração o condicionamento físico da paciente.

É importante ressaltar que o manejo da pré-eclâmpsia é individualizado e depende da gravidade da condição e de outros fatores médicos específicos de cada caso. O acompanhamento médico adequado e o cumprimento das orientações do profissional de saúde são fundamentais para garantir a saúde da gestante e do bebê.
É possível evitar a pré-eclâmpsia?

O que temos atualmente é a realização do rastreio para a pré-eclâmpsia que é realizado durante o morfológico de primeiro trimestre. Com esse rastreio conseguimos identificar as pacientes com potencial risco de apresentar pré-eclâmpsia grave antes de 37 semanas e indicar o uso da aspirina na tentativa de redução desse risco.

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