Líquen escleroso vulvar

Corrimento, prurido, dor durante a relação sexual, manchas branco-marfim e atrofia dos órgãos genitais são alguns dos sintomas do líquen escleroso vulvar, uma doença ainda pouco conhecida entre as mulheres, mas que pode comprometer sua qualidade de vida.

O que é líquen escleroso?

O líquen escleroso é uma doença inflamatória progressiva e crônica da pele, frequentemente encontrada na região anogenital.

Sua incidência em relação à faixa etária é um tanto controversa devido aos casos assintomáticos, diagnósticos inconclusivos ou não identificados. No entanto, pesquisas mostram uma ocorrência em meninas pré-púberes, com média de idade de 6 a 7 anos, e em mulheres na peri e pós-menopausa, com média de idade de 53 anos.

A origem do líquen ainda é desconhecida, mas estudos apontam uma associação hormonal da doença devido à prevalência de casos em pacientes em fases com baixa de estrogênio. Outras descobertas indicam a relação da condição com histórico familiar e doenças autoimunes, agravadas por fatores como estresse oxidativo e infecções. Além disso, há indícios de relação com traumas ou irritações crônicas, como oclusão, fricção ou cicatrizes cirúrgicas, o que é conhecido como fenômeno de Koebner, que consiste na reprodução de lesões típicas de uma determinada doença inflamatória em uma área de pele saudável após sofrer lesão.

Portanto, o diagnóstico do líquen escleroso vulvar requer uma análise completa do histórico clínico e familiar da paciente, a fim de identificar possíveis causas e adotar um tratamento abrangente.

Sintomas

Os sintomas do líquen escleroso vulvar podem variar de paciente para paciente. O início da doença pode ser assintomático, mas com a progressão do quadro podem surgir sintomas como coceira, ardência, corrimento, irritação e dor durante a relação sexual, ao urinar ou evacuar, que são semelhantes aos da candidíase, o que dificulta a identificação e o tratamento.

A diferença em relação à infecção por Candida albicans está na presença de lesões branco-marfim, com aparência espessa, que podem apresentar fissuras e erosões. Essas lesões costumam localizar-se entre o clitóris e a uretra, assim como nos sulcos dos grandes e pequenos lábios vaginais, o que pode levar a dificuldades para urinar.

Em estágios avançados da doença, a vulva perde sua coloração rosada habitual, tornando-se completamente esbranquiçada. Além disso, pode ocorrer atrofia dos órgãos genitais, resultando na desfiguração das características anatômicas normais da vulva e comprometimento de suas funções.

Diagnóstico

O diagnóstico do líquen escleroso é feito principalmente por meio do exame clínico e análise das lesões. Em alguns casos, o ginecologista pode solicitar exames adicionais para identificar doenças autoimunes associadas e realizar dosagens hormonais, a fim de adotar um tratamento em conjunto da causa subjacente.

A biópsia pode ser solicitada em situações específicas, como quando o diagnóstico ainda é inconclusivo com base nos exames clínicos, quando há resposta insatisfatória aos tratamentos tópicos iniciais ou quando há suspeita de malignidade.

Tratamento

O tratamento visa a melhora dos sintomas e das alterações anatômicas, com a aplicação de corticoides de alta potência em forma tópica por, no mínimo, três meses. Além disso, a fototerapia e os lasers vaginais são alternativas bastante eficazes que têm demonstrado resultados satisfatórios no alívio dos sintomas e desconfortos das pacientes.

Em casos em que a doença foi diagnosticada em estágio avançado, podem ser necessários procedimentos cirúrgicos, como desbridamento das lesões, correção da anatomia vaginal já cicatrizada ou tratamento de casos de malignidade.

A importância do diagnóstico precoce e do tratamento a longo prazo

É imprescindível que o líquen escleroso vulvar seja diagnosticado precocemente para evitar as complicações futuras, que vão desde a perda da função das estruturas da vulva até o risco intrínseco de desenvolvimento de neoplasias malignas.

Além disso, por ser uma doença crônica, o acompanhamento deve ocorrer a longo prazo para conter o avanço da condição e evitar o aparecimento de novas lesões.

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